terça-feira, janeiro 18, 2011


Poemas que ficou para trás ( 2010 )

0
Vida que se explodiu

E são como diamantes, e rubis,
as cavernas de esqueletos olhando o escuro,
já são muitas falhas na grama molhada
em viagem do astronauta que planta a árvore,
e  a madeira se vai com um cheiro velho
cortando caminho pelo rio que desce,
mas já se foi a poeira que espalhou
Junto a massa da planta.

Já molhei o vento que corre entre nuvens,
e a ovelha ficou no ar como pena viajante,
vestiu-se com seu casaco branco
olhando tudo de ponta cabeça,
e sobreviveu no contrario da vida,
desceu o rio sujo, e acabou-se jogando no mato.
...............................................................

Poste

O poste de luz
Aproxima-se,
Silenciosamente
Cuidando do escuro.
................................................................


Entre outro

O buraco e mais que suficiente recanto,
É escala da terra que esta podre,
E há machuca escavando.

As mais profundas levezas do oceano,
Que caiu de frente com o espaço solto errando.
.................................................................


Rumo silencioso

Eu queria me afogar no mar,
acabaria calando as ondas,
as tempestades que um vento maior me leva-se,
preferia que todos fossem embora ao espaço único,
para chegar boiando ao outro lado sem ser notada,
sem que nada-se, mas sim asas que rema-se meu barco,
mergulharia com uma sereia, e casaria com uma orca,
e viveria dentro comendo algas.
...................................................................

A força

Disto arranco minha cabeça,
e sairei como zumbi na rua,
ultrapassando pontes e mais pontes, lutando.
...................................................................

Rio que não á na cidade

O rio me levou junto
com o mar que me afogou,
eu morri, mas não vi os peixes,
não vi as ondas, não vi o horizonte,
e tudo se apagou no beco que morri,
mas porque as paisagens são apenas lustradas,
não vemos nada do que não existe em lembranças morridas com o corpo.
.....................................................................

Sem titulo

Cura do velho
é o remédio que o vez velho
o tempo
.....................................................................

Vento sujo

Voa o vento,
Voa pro mar,
Onde possa se lavar,
Onde respira o peixe que vive,
E morre o peixe que respirou.
..................................................................

Sem titulo

Me formei
do gelo que havia no vento.
...................................................................

Por um momento

Um pouco de mim
se afastou do chão,
não sei se é tristeza,
não sei se é alegria,
..................................................................
Sono n°3

E  lá vem o sono da noite,
para o corpo descansar,
eu não queria dormir, mas é preciso,
o sonho me adormece no vento
que arrasta-me com insônia,
e lá se vai a noite e o dia do outro lado,
e recordamos os sonhos dormidos.
...............................................................


Como se eu fosse uma velha

Encolhi na velhice,
já não sou folha verde,
me alegro por estar aqui.
..............................................................

Sem titulo

me entristece esse ar de agonia,
minhocas, vermes atacam regalias,
cardápio da múmia, o homem vivo.
.............................................................

Veio

Engasguei com o vinho suave,
Resgatei o vermelho da rosa,
Gritei trovão- mente assustada,
Engoli um verso estragado na gola,
Do veio da senhora ranzinza,
Dobrando o cotovelo para o lado,
Em palavras do veio atrofiado,
Do veio mano, do veio rapaz,
Do veio das ultimas horas,
Na folha da madrugada, já escrevo minha linguagem,
O veio que sou, também é o veio que nasce.
...............................................................

A informação é uma explosão, a fofoca tudo diz aos que não conhece.

.................................................................

Ping longe

Jogando ping longe,
Mistério rindo, reinando,
Ping no chão, lama envelhecida,
Longe estrangulando o espaço murmurando,
Logo no rio estoura a água,
Com uma agulha estoura a terra,
 E tudo rima as palavras embestadas.
.............................................................

Sem titulo

roda-me a cabeça,
roda-me na roda que rola,
distante, pensante que roda,
o bêbado roda, roda-se a vida,
acelera esse tempo perdido,
vai-se  pobre que morreu da pinga,
explode-se a cabeça que não tem miolo,
e roda a rima quebrada no teto,
e roda a rima quebrada no teto,
e roda a terra isolada,
em parte do vento que me carregou no vácuo.
............................................................


Saudade

Brilho de uma lagrima que escorreu vagarosamente em seus olhos,
parece que viu o horizonte do mar ir embora.
..........................................................

Sem titulo

gargalhadas seguem na rua,
e mudam de direção a rotatória para plana,
soltei o vento, e tranquei a janela,
só o sopro de uma respiração lenta
querendo sair para fora
querendo cair do alto da montanha
e lá se vai o ultimo suspiro bem longe.
.......................................................,

Só o sobro do vento

Docêi  o doce vento,
Da lua-régia ligada nas vértices barulhentas,
Arraia festa, arraia crua, arraia a lua,
E termina tudo em guerra.
.......................................................

Rio

Rompe o rio que descia cristalinamente,
os peixes nadavam fundo,
nadavam até as algas doentes,
por mais vasto que seja essa água,
será um rio rompido pela chuva,
e os peixe arrastados pela enxurradas.
...........................................................

Entristece a verde ramagem de rosas que havia

Rosadas ricas de seu perfume,
tão espinhosa as verdes plantas,
rosadas vermelhas, branca pétalas,
a tantas cores colorindo o jardim,
a tantos vasos com orquídeas roxas,
que me perdi no Paraíso do Jardim,
labirinto com paredes gigantes,
em rampas de skeit ralou-se
no fim em-cinzentou,  onde era jardim.
...........................................................

Arca

Encalhada Arca no céu,
escondidas estas vagando,
dobrada, branda é o teu tesouro,
diria jogada no escuro,
lustre que lustra bandeira
que desceu na terra alheia.
....................................................

99% dos candidatos

corta a rede da pesca
sobe ao muro de presa,
eu me lembrei de vocês,
e vocês lembre de nós candidatos,
com rugas de verdade, força despeça,
do quanto queríamos de verdade na mente,
rosa velha, vermelha sua petúla,
no alto eu gostaria das florestas escondidas,
as velhas historias dos velhos avôs
já não há muitas forças pra continuar,
sempre á um que reconta a seu jeito
o jardim querido das flores replantadas.
....................................................

rato dentuço

roeste a cadeira,
roeste o resto de pão,
roeste sua mão morta,
roeste o mapa desse navio,
roeste o osso desse velho,
roeste a moeda,
roeste este livro,
roeste meu poema?
roeu até sua carne,
roeu ate que morreu?
.....................................................

Nasci da linha

Rasguei a seda do bicho,
até virou uma borboleta
como no ensaio de uma dança,
gargalhou e morreu de medo,
entreolhou  para traz de seu eixo,
e subiu ao vento na ciranda,
da harpa e seu som alvorada,
floriu rasgando a tristeza,
e tudo se enrolou no enfeite,
entre as linhas que ninhou a borboleta
harpando sua canção.
.................................................

Fingindo não ser poeta

A verdade é que não sou poeta,
Me vi na estrela escaldante,
Onde o brilho raiou exageradamente,
Movi uma pedra, pensei como uma pedra,
Cai como uma pedra, e nada aconteceu,
Só um barulho torto surgiu.
Porque não sou poeta, sou essa poeira,
Que disfarça ser areia, no momento modesto,
Poeira de mil vizinhos entreolhosabertos,
Foi essa cegueira mal vista!
Que me pegou a vista.
Não sou poeta sou paisagista,
Ilustrando a vida que não agüento,
Me sufoquei quando ri da fumaça velha,
Sou uma verdadeira cata vento.
...................................................

Escrevendo

O lápis quebrou
A parede esta torta
O poeta esta torto
O papel rasgou
O poema ficou
Perdido encontrando
A quem o escreva.
.................................................

O poeta lava-se sorrindo
..............................................

Canção

E agora
não há mais nada a fazer
não há mais nada que escutar
não há mais nada a se ver
não há mais nada...
Eu... só queria viver
eu... só queria entender
mas não há resposta certa
eu... não queria essa palavra nada
e agora
não á rio
não á mais chão
  terra, e pó se desfalerando...
não há, não há nada,
a não ser ruídos  de um passo macio,
não há energia,
não tem paredes,
e agora
não há rede de pesca
só tem a peneira de ar,
eu... só queria a eternidade
mas não há,
eu... só queria ter todas idéias
mas não há
nem cadeira nem assentos
que eu possa pensar,
sim! Há vida
e quando morremos não há
e agora
não sabemos de nada
e agora
ficaremos doidos de dançar,
mas não há dança.
..........................................................
Livro

Eram livros descendo abertos em suas voanças
Entre ruas cobertas  de tapetes humanos
- não vi nenhum livro, ninguém os viu voar?

[ Cintia Mara da Silva ]

0 comentários: